Birra ou crise sensorial/emocional? Conhecendo as diferenças no autismo e como cuidar

mrodriguesena5
22 de jul. de 2024
3 min de leitura

Atualizado: 20 de ago. de 2024

Para muitos pais e cuidadores, lidar com as birras e crises sensoriais/emocionais de uma criança com autismo pode ser um desafio diário. As semelhanças superficiais entre esses comportamentos podem confundir e dificultar a resposta adequada. No entanto, compreender as diferenças entre birras e crises é crucial para oferecer o apoio e a intervenção corretos.

Birras: Uma Questão de Desejo e Vontade

As birras, também observadas em crianças neurotípicas, são comportamentos intencionais motivados por desejos ou demandas sociais. A criança pode chorar, gritar, se jogar no chão ou até mesmo ter acessos de raiva para conseguir o que quer ou expressar sua frustração.

Crises: Sobrecarga Sensorial e Emocional

Em contraste, as crises no autismo representam uma sobrecarga sensorial ou emocional avassaladora. São reações involuntárias que podem se manifestar através de choro incontrolável, gritos, acessos de raiva, comportamentos autoagressivos e até mesmo retraimento social. As crises não visam manipular ou obter algo, mas sim expressar um estado de angústia extrema.

Fatores Desencadeantes: Desvendando as Causas

As crises no autismo podem ser desencadeadas por diversos fatores, como:

Sobrecarga sensorial: Luzes fortes, sons altos, multidões, cheiros intensos ou texturas desconfortáveis podem ser extremamente incômodos para pessoas com autismo, levando a crises.

Mudanças na rotina: Rotinas previsíveis são essenciais para o bem-estar de indivíduos autistas. Alterações inesperadas, como cancelamentos de planos ou mudanças no ambiente, podem gerar ansiedade e crises.

Dificuldades de comunicação: A incapacidade de se comunicar de forma eficaz pode levar à frustração e crises, especialmente quando a pessoa tenta expressar suas necessidades ou desejos.

Fatores emocionais: Sentimentos intensos como medo, raiva, tristeza ou excitação podem ser difíceis de processar para pessoas com autismo, aumentando o risco de crises.

Estratégias para Superar as Crises: Construindo um Ambiente de Apoio

Embora as crises sensoriais/emocionais no autismo não possam ser completamente prevenidas, existem diversas estratégias que podem ajudar a minimizá-las e promover o bem-estar das pessoas com autismo:

Identificação de gatilhos: Observar e registrar os eventos que antecedem as crises é crucial para identificar os gatilhos individuais e desenvolver estratégias de prevenção.

Crie um Plano de Ação: Elabore um plano com ações para auxiliar a criança durante a crise. Isso pode incluir levar a criança para um local calmo, oferecer atividades sensoriais relaxantes ou simplesmente oferecer sua presença calma e apoio.

Comunicação eficaz: Utilize linguagem simples e direta para comunicar-se com a criança durante a crise. Evite perguntas complexas ou instruções longas, que podem aumentar a frustração.

Valide as emoções: Reconheça e valide as emoções da criança, mesmo que você não concorde com o comportamento. Dizer frases como "Eu sei que você está chateado" pode ajudar a criança a se sentir compreendida.

Criação de rotinas: Estabelecer rotinas previsíveis e estruturadas para o dia a dia pode proporcionar segurança e reduzir a ansiedade, diminuindo o risco de crises.

Ambiente sensorial favorável: Reduzir o excesso de estímulos sensoriais no ambiente, como barulhos altos ou luzes fortes, pode ajudar a prevenir crises em pessoas com sensibilidade sensorial.

Treinamento em regulação emocional: Ensinar técnicas de regulação emocional, como respiração profunda ou contagem regressiva, pode ajudar a pessoa a lidar com emoções intensas e reduzir a frequência e intensidade das crises.

Apoio profissional: Buscar orientação de profissionais especializados em autismo, como psicólogos e terapeutas ocupacionais, é fundamental para desenvolver um plano de intervenção personalizado e eficaz.

Compreender as diferenças entre birras e crises no autismo e implementar estratégias de apoio adequadas é essencial para promover o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas com transtorno do espectro autista. Através do conhecimento, da empatia e do apoio mútuo, podemos construir um futuro mais brilhante e inclusivo para todos.