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Desvendando o cérebro social do seu filho: neurônios espelho e autismo

Atualizado: 20 de ago. de 2024


Imagine um grupo especial de neurônios no cérebro que se ativam tanto quando você realiza uma ação quanto quando observa outra pessoa fazendo a mesma coisa. É como se fossem pequenos espelhos que nos ajudam a aprender imitando os outros. Esses neurônios são chamados de "neurônios espelho" e seu papel no desenvolvimento social é crucial, especialmente para crianças.


No entanto, pesquisas sugerem que o funcionamento dos neurônios espelho pode ser diferente em pessoas com autismo. Imagine que, nesses casos, o "espelho" esteja um pouco embaçado, dificultando a imitação e a compreensão das ações dos outros.


Exemplo no dia a dia


Pense em quando uma criança aprende a dar tchau. Ela observa os adultos ao seu redor acenando com a mão e, aos poucos, tenta imitar o movimento. Os neurônios espelho estão ativos nesse processo, permitindo que a criança aprenda a partir da observação. Em crianças com autismo, esse processo de imitação pode ser mais desafiador devido às diferenças no funcionamento dos neurônios espelho.


Nem tudo é preto e branco: a influência das emoções


A boa notícia é que nem sempre a ativação dos neurônios espelho é igual em pessoas com autismo. Pesquisas mostram que o tipo de estímulo visual faz diferença. Quando as ações observadas possuem componentes emocionais (como expressões faciais), a ativação do sistema de neurônios espelho muda nas crianças autistas, comparando a observação de ações neutras. Isso indica que a natureza do que é observado influencia a atividade cerebral.


Giro frontal inferior e córtex parietal: desvendando os bastidores do cérebro


Para entender melhor o que acontece no cérebro, vamos falar de duas regiões importantes: o giro frontal inferior e o córtex parietal. Imagine o giro frontal inferior como um maestro de orquestra, comandando os movimentos do corpo. Já o córtex parietal é como o intérprete, que processa as informações sensoriais e as integra com os movimentos. No autismo, a comunicação entre essas regiões, e outras áreas do cérebro relacionadas aos neurônios espelho, pode estar um pouco prejudicada, o que contribui para as dificuldades sociais e de imitação.


Trazendo esperança: terapias baseadas nos neurônios espelho


A boa notícia é que a ciência está explorando novas terapias que utilizam o conhecimento sobre os neurônios espelho para ajudar pessoas com autismo. Imagine um tipo de fisioterapia para o cérebro, onde, através de atividades e jogos, os neurônios espelho são "treinados" para funcionar de forma mais eficaz.


Exemplos de terapias:


  • Imitação social: a criança observa um terapeuta ou outra criança realizando ações e, em seguida, é incentivada a imitá-las. Isso pode ser feito com brincadeiras, gestos, expressões faciais ou até mesmo com dança.

  • Histórias e dramatizações: histórias com personagens que expressam diferentes emoções e situações sociais podem ser utilizadas para ajudar a criança a entender e interpretar as ações e sentimentos dos outros.

  • Tecnologia: jogos e aplicativos educativos que utilizam recursos visuais e interativos podem ser ferramentas valiosas para estimular os neurônios espelho e o desenvolvimento de habilidades sociais.


Importante: É fundamental ressaltar que essas terapias devem ser sempre realizadas por profissionais qualificados e experientes em trabalhar com crianças autistas. Cada caso é único e o plano de intervenção deve ser individualizado, levando em consideração as necessidades e habilidades específicas de cada criança.


Lembre-se: a pesquisa sobre neurônios espelho e autismo ainda está em desenvolvimento, mas os resultados até agora são promissores e abrem um caminho para uma melhor compreensão do autismo e para o desenvolvimento de novas terapias que podem fazer a diferença na vida de muitas crianças.


Para pais e terapeutas, é importante reconhecer que as dificuldades sociais e de imitação no autismo não são uma falha de vontade ou esforço, mas sim um reflexo de diferenças neurológicas que podem ser abordadas com intervenções adequadas. Com o suporte certo, crianças com TEA podem fazer progressos significativos em suas habilidades sociais e comunicativas.



Referências:






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