Desvendando os comportamentos repetitivos no autismo: uma jornada para a compreensão e o apoio
- Smart Faluja
- 23 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de ago. de 2024

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa que se manifesta de diversas maneiras. Uma característica comum e intrigante do TEA são os comportamentos repetitivos. Eles podem variar desde movimentos motores simples, como balançar as mãos, até atividades complexas e ritualísticas. Mas o que se esconde por trás desses comportamentos? Qual é a sua função? E como podemos ajudar as pessoas com TEA a lidar com eles de forma eficaz? Neste artigo, embarcaremos em uma jornada para desvendar os mistérios dos comportamentos repetitivos, buscando compreender suas causas, funções e as melhores estratégias de apoio.
Desvendando as Causas dos Comportamentos Repetitivos
Os comportamentos repetitivos no autismo podem ser causados por vários fatores, incluindo:
Regulação Sensorial: Muitas pessoas com autismo têm sensibilidades sensoriais. Comportamentos repetitivos podem servir como uma forma de auto-regulação, ajudando a pessoa a lidar com estímulos sensoriais avassaladores, como luzes fortes ou ruídos altos. Por exemplo, uma criança pode balançar o corpo para bloquear o som de uma sala barulhenta.
Função Neurológica: Pesquisas sugerem que anomalias em determinadas áreas do cérebro, como o córtex pré-frontal e os gânglios da base, podem estar associadas aos comportamentos repetitivos. Estas áreas são responsáveis pelo controle motor e pela regulação do comportamento. Por exemplo, uma pessoa pode desenvolver rituais complexos para lidar com dificuldades em iniciar ou parar uma atividade.
Redução da Ansiedade: Comportamentos repetitivos podem fornecer uma sensação de previsibilidade e controle, ajudando a reduzir a ansiedade em situações novas ou estressantes. Por exemplo, uma criança pode alinhar brinquedos repetidamente para sentir segurança em um ambiente desconhecido.
Estratégias para Apoiar e Enriquecer a Vida
Intervenções baseadas em evidências podem ajudar a reduzir os comportamentos repetitivos e melhorar a adaptação social e funcional das pessoas com autismo. Algumas estratégias incluem:
Terapia Comportamental: Abordagens como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) utilizam técnicas de reforço positivo para aumentar comportamentos desejáveis e reduzir comportamentos repetitivos. Imagine um terapeuta incentivando uma criança a brincar com um bloco de montar em vez de balançar as mãos repetidamente.
Terapia Ocupacional: Terapeutas ocupacionais trabalham para melhorar a integração sensorial e desenvolver habilidades adaptativas. Técnicas de Integração Sensorial podem ajudar a pessoa a lidar melhor com estímulos sensoriais, reduzindo a necessidade de comportamentos repetitivos como forma de auto-regulação. Através de técnicas como a Integração Sensorial, uma criança que se sente incomodada com barulhos altos pode ser gradualmente exposta a sons cada vez mais intensos, aprendendo a lidar com a experiência de forma mais tranquila.
Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC): Essas terapias podem ser eficazes, ajudando a identificar e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais. Uma criança que se envolve em um ritual repetitivo quando ansiosa pode aprender técnicas de respiração profunda para se acalmar, substituindo o comportamento repetitivo por uma ação mais positiva.
Apoio Familiar e Educacional: Treinamentos para pais e educadores são essenciais para proporcionar um ambiente de apoio que compreenda e responda adequadamente aos comportamentos repetitivos. Intervenções consistentes em casa e na escola podem promover a generalização de habilidades e comportamentos adaptativos.
Os comportamentos repetitivos no autismo são multifacetados e podem desempenhar várias funções, desde a auto-regulação sensorial até a redução da ansiedade. Abordagens terapêuticas abrangentes que combinam intervenções comportamentais, ocupacionais e educacionais podem ajudar a reduzir esses comportamentos e melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo.
Lembre-se:
Cada pessoa com TEA é única, com suas próprias necessidades e preferências. É fundamental adaptar as intervenções às características individuais de cada pessoa.
O processo de apoio e desenvolvimento é contínuo e exige colaboração entre a pessoa com autismo, familiares, terapeutas e educadores.
A comunicação aberta e o respeito mútuo são essenciais para construir um relacionamento de confiança e criar um ambiente propício ao aprendizado e ao crescimento.
Rferências
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